Wednesday, April 23, 2014

A Volúpia

Rubra carnalidade
De corpos emaranhados:
Suores e odores;
Calvário dos pudores.

A música que embriaga,
As luzes que profanam;
Na bruma dos pecados
Tombam os honrados.

Festim de anjos caídos
Na casa do Diabo;
Despejam fecalúria
No beco da luxúria.

Altar dos libertinos,
Vingança dos aflitos:
Liberam suas culpas;
Partilham o gemido.

Rabiscam cicatrizes,
Emendam os cabelos;
Libertam-se das roupas
E minam os miolos.

Temperam com suor
O caldo infernal;
Desatam todo o nó
Da conduta moral.

Tragam cada gota
Do álcool ingerido
E na dança expelido
De corpos contorcidos.

À mesa ou no lavabo
Ninguém é inocente;
O coito segue o ritmo
Do Rock and Roll antigo.

A noite é generosa
E tem amplo cardápio
E só finda na manhã
Em um qualquer divã.

Jovens malditos,
Velhos carcomidos.
Orgia musical;
Que santo é o Carnaval!

Volúpia dos sentidos,
Dos beijos foragidos.
Compassos sensuais;
Instrumentos carnais.

Cidade dos pecados;
Da prevaricação,
Da alucinogenia,
Da vil melancolia.

Transborda a libido
E os cantos proibidos;
Entorpece a misantropia
No orgasmo da utopia.


Nota: "Vagon" é o nome de um pub de Rock and Roll em Praga. Quem já o frequentou, nem que por uma vez, sabe.

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